Abraçar em vez de gritar

Nesta jornada louca que é a maternidade, procuramos frequentemente formas de sermos a melhor versão de pais que podemos ser. As dúvidas são tantas e as opiniões tão diversas e confusas que é difícil, por vezes, encontrarmos as respostas que procuramos. Na busca por informação sobre maternidade e afins fui tendo contacto com a parentalidade positiva.
A parentalidade positiva é, de forma simples, uma filosofia que defende que a relação de pais e filhos deve ter como base o respeito mútuo, e que é esta base que vai permitir educar crianças felizes, independentes e respeitadoras. Parte do pressuposto que devemos respeitar as crianças tal como elas são, dar-lhes um ambiente de segurança e compreensão, não descurando os limites e regras.
Como em tudo, a sua aplicação carece de peso e medida, e sinceramente a parentalidade positiva a 100% parece-me algo que apenas alguém com a paciência da mãe do Ruca (sim, a dos desenhos animados) consegue praticar. Mães normais não conseguem manter sempre uma postura respeitadora e paciente quando o pequeno monstrinho se atira para o chão aos gritos, em pleno supermercado em hora de ponta. Eu, pelos menos, não consigo.
Mas houve uma técnica que me chamou a atenção e que decidi tentar. Ora, diz a filosofia que 90% das birras das crianças acontecem por frustração. A criança é impedida de ter ou fazer algo, e na sua mente cresce um sentimento que não percebe nem sabe controlar, a frustração. A frustração cria um sentimento de insegurança na criança, que é quase sempre expressado em forma de birra. A dimensão da birra está diretamente relacionada com a dimensão do seu sentimento de frustração e insegurança.
E é nesse momento que, em vez de gritarmos com a criança, o que aumenta a sua frustração e o nível de histerismo, devemos abraçá-la. Parece um contrassenso, não é? A criança está a envergonhar-nos em público e nós vamos lá e abraçamo-la, como se a estivéssemos a congratular pela sua magnífica birra. Acontece que é exatamente o contrário. Ao abraçá-la estamos a devolver-lhe alguma segurança, estamos a permitir que se acalme, que volte a ela. E quando acalma, conseguimos então falar com ela, perguntar-lhe o que se passa e explicar-lhe  o porquê de algo lhe ter sido negado. Não estamos a ser permissivos nem a fraquejar, estamos sim a ganhar a confiança da criança, e a respeitar os seus sentimentos e dificuldades.
Decidi aplicar esta técnica numa birra descomunal que a Unicórnio estava a fazer, já nem sei porque razão era. E não é que resultou?! Esbracejou uns minutos e ainda chorou um bocado, mas o choro foi diminuindo de volume á medida que a respiração foi voltando ao normal, e no final quando lhe perguntei porque estava a chorar já nem se lembrava. 5 minutos depois, ria e cantava normalmente. Já apliquei esta técnica mais algumas vezes e posso dizer que estou bem satisfeita com o resultado. Claro está que isto não é uma poção mágica, e há alturas em que não há abraço e teoria nenhuma que combata a combinação sono/ fome /aborrecimento de uma criança. E a paciência de uma mãe, que tem de equilibrar nos pratos da balança os filhos, marido, casa, trabalho, nem sempre é de ferro, para conseguirmos manter a calma necessária.
Fica a dica, numa próxima experimentem: em vez de gritar, vamos abraçar. Os resultados podem surpreender-nos, e tentar não custa nada. 



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