"Home is where your heart is"

É uma frase feita, daquelas que encontramos escritas numa placa para pendurar à entrada de casa. É, também, uma verdade irrefutável, mas da qual nem sempre estamos cientes, até sermos confrontados com ela.
Recentemente fomos forçados a decidir mudar de casa. Não era algo que estava nos nossos planos, pelos menos a curto-prazo, e foi algo que veio abanar um pouco o nosso equilibrio e sossego, e obrigar-nos a tomar decisões. Ficámos ou saímos? Saimos já ou esperamos para ver? Escolhemos já esta ou vemos outras? Decisions, decisions.
Não sou a melhor pessoa para viver na inconstância, e a minha natureza ansiosa não convive bem com o "vamos andando e vamos vendo". Se encontro um percalço não fico descansada até estar resolvido, mas penso 300 vezes antes de tomar alguma decisão, e depois de a tomar ainda fico um tempo a pensar se terá sido a melhor decisão ou não. Isto é elevado a todo um outro nível quando a decisão implica mudanças estruturais ou que afectarão o futuro. Foram dias de angústia e receio, e também de alguma tristeza.
Sou uma sentimentalista que se apega às coisas com facilidade, mas não tem essa mesma facilidade para desapegar-se. A ideia de sair da nossa primeira casa, onde vivemos tantas coisas boas e onde gostamos tanto de viver estava a custar-me muito. Ainda mais quando as opções eram escassas, de menor qualidade e de valor muito superior. Uma angústia!
Felizmente o Papa Bear joga noutro campeonato no que diz respeito a ansiedade, e consegue ser mais objectivo e leve do que eu, e foi fulcral para que não perdesse o foco e a esperança, e para que conseguissemos resolver o problema mais rapidamente e facilmente do que pensavamos. Um anúncio perdido no meio de milhentos, uma foto que convenceu ao clique, um contacto imediato, uma visita e, 2 semanas depois, negócio fechado.
Era tempo empacotar 9 anos de vida e iniciar uma nova jornada na nossa vida. A distância era curta, tão curta que quase nem precisavamos de transporte. E aos poucos uma casa foi ficando vazia, despojada de móveis, objectos e rotinas, enquanto a outra ia ganhando dimensão de um futuro lar. E, para minha surpresa, à medida que a "nossa" casa ia ficando vazia, o sentimento de tristeza não crescia. Crescia, sim, a emoção de termos algo novo, de explorar as possibilidades de um novo lar, a vontade de conseguir ter tudo organizado e voltar a ter alguma ordem na nossa vida. E foi quando a "nossa" casa ficou praticamente vazia, tão vazia que já fazia eco, que eu percebi que aquela já não era a "nossa" casa. Já não sentia tristeza e nostalgia por ter de lá sair, eu já queria mesmo não estar lá, mas sim na "nova" casa. Aquela que já tinha as nossas coisas, aquela onde estavamos nós, e que cada vez mais parecia um lar, o nosso lar.
Ao fim de uma semana na nova casa finalmente percebi, não interessa se esta não foi a nossa primeira casa, se não foi a nossa primeira escolha e se não reunia todos os requisitos que achavamos mais importantes. O que verdadeiramente interessa é que nós estamos aqui juntos. O que interessa são as gargalhadas que damos juntos, quando partilhamos o sofá e a cama, enquanto nos vamos adaptando a nossa nova casa.
E enquanto tivermos esta alegria, a casa, seja ela qual for, será sempre onde está o nosso coração.

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