Infância Feliz

Fui uma criança muito feliz. As recordações são muitas e boas, mas não tenho dúvidas que as memórias das férias de verão ocupam um lugar especial no meu coração.
Lembro-me de ser muito pequenina e brincar no quintal da casa dos meus avós, andar atrás do meu avô pelo jardim, enquanto ele plantava pacientemente as flores (e que bonitas que eram) e do limoeiro ao fundo cujas raízes invadiam o chão e o tornavam irregular. Mais tarde, quando o jardim deu lugar a um anexo e um pequeno pátio, lembro-me de encher com água as bacias da avó e fazer delas as piscinas das Barbies, ou de prender o elástico entre duas cadeiras para poder saltar sozinha.
Lembro-me das férias no campismo. Tantas e tão boas memórias desses tempos! Da liberdade de estar num sitio limitado (ai de nós se passássemos os portões!) mas que era tão grande, tão vasto, tão cheio de aventuras. Das amigas de verão, dos primeiros amores e desamores, das histórias, das festas, das tardes na piscina, dos churrasco nos grelhadores a carvão e dos almoços debaixo da sombra dos pinheiros a ver a fórmula 1 na TV. Do atrelado dos pais que se montava em Junho e desmontava em Agosto, antes de ir para o Algarve. Da roulote dos avós, que era a nossa casa de verão, e onde a avó fazia sopa Minestrone com cubinhos de queijo só para mim e para a minha irmã. Saudades desse sabor, saudades muito maiores da avó…De perseguir a minha irmã, representando na perfeição o papel de fedelha chata e pendura, e de com certeza estragar-lhe planos e esquemas (desculpa!!). E do cheiro a terra molhada, que até aos dias de hoje é um cheiro especial para mim pelas recordações que desperta.
Lembro-me das férias no Algarve com os pais. Da praia da Sardinha que ficava sem areal quando a maré subia, da primeira vez que vi os golfinhos no Zoomarine, de me confundirem com uma inglesa (branquinha e loira), e dos gritos dos meus pais pela minha irmã quando a bola da Nivea fugiu mar dentro e ela se atirou corajosamente para a apanhar. Dos figos surripiados em jardins desconhecidos, das uvas grandes e brancas, das sanduiches na praia e das sardinhas mais maravilhosas de todas.
Lembro-me, mais tarde, dos dias passados na casa dos corações da mais antiga das minhas amigas (daquelas que já é família), de quando ainda erámos pequenas o suficiente para podermos ir para a proa, cantar aos berros, com o vento no cabelo e o mar a salpicar-nos as pernas. De irmos passear para o paredão, das fofinhas, e dos finais de tarde na praia até ao pôr do sol, e das mil confidências que ainda partilhámos.
Lembro-me, já em plena adolescência, dos apartamentos perto da praia, para onde migrávamos no verão, e onde passava semanas com as amigas. Das tardes na praia (porque as manhãs eram para dormir), de nos arranjarmos para sair sob o olhar atento da pequena sobrinha, das tartes voadoras da minha irmã. Das private jokes que perduravam por meses e meses, das noites animadas, e das tardes de chuva a ver filmes e tirar fotos aparvalhadas.

Todas estas recordações põe um sorriso feliz nos meus lábios, e todas elas permitem que olhe para trás com um misto de nostalgia e felicidade. Todas elas fazem de mim a pessoa que sou hoje e todas elas contribuíram para que a minha infância fosse verdadeiramente feliz. E por todas elas agradeço a todos que delas fazem parte, em especial aos meus pais, por as terem proporcionarem.

Daqui a muitos anos, espero que a minha filha possa olhar para trás e ter este mesmo sentimento. Que nós sejamos capazes de lhe dar oportunidades e proporcionar recordações felizes e bonitas, como as que eu tenho. E que essas recordações lhe ponham um sorriso nos lábios e a encham de felicidade. Aí vou sentir orgulho, vou sentir que saí vitoriosa nesta grande missão.

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