Expectativas

Viver sem expectativas parece-me algo difícil de atingir. Talvez por ser uma pessoa ansiosa, que pensa sempre um pouco à frente, e também ter uma imaginação demasiado fértil, criar expectativas faz parte de quem sou e da forma como lido com o mundo.
Criar expectativas permite-nos desenhar cenários na nossa cabeça, projetar desejos e vontades, construir realidades paralelas e sonhar. Permite-nos pegar no desconhecido e moldá-lo à nossa forma, torná-lo familiar, agradável, apetecível. É também uma forma de combater o medo, de focar-nos na versão que consideramos favorável, de afastar fantasmas e suavizar a ansiedade.

Contudo, criar expectativas é um jogo perigoso. Se por um lado pode parecer uma ferramenta de proteção, na realidade criar expectativas coloca-nos numa posição frágil, em que facilmente a deceção ganha terreno. Quando criamos expectativas formatamos a nossa visão para que apenas aceite aquela versão dos acontecimentos, e quando esta não se materializa temos uma dificuldade séria em aceitar a realidade.

Quando decidimos avançar para a segunda gravidez, criei expectativas. Fantasiei na minha cabeça uma realidade em que o cor de rosa, os lacinhos e as “frozens” desta vida continuavam a imperar cá por casa. A minha realidade era só uma, vinha por aí mais uma menina, para eu “pirosar” à vontade e para fazer companhia à Unicórnio. Eu sabia que podia não acontecer, mas ignorava activamente e conscientemente essa chamada à realidade.

Mais uma vez a vida ensinou-me que criar expectativas é um erro, que fecha a mente a todas outras realidades que podem vir a ser tão ou melhores que a que idealizei. Que ter expectativas não me permite ver mais além, apreciar o inesperado e o desconhecido, e dar oportunidade para que essa realidade seja ainda mais maravilhosa que a que eu idealizei.

Vem a caminho um Pinipon, para me provar que o mundo pode ser ainda mais belo e divertido do que eu imaginei. E mal posso esperar para o conhecer.




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